Fonte de financiamento barato, o "home equity" - origem da crise dos EUA- tem forte expansão no Brasil. O nome em inglês denomina linhas de crédito sem finalidade específica, que usam imóveis como garantia.
Desde 2006, quando o modelo foi regulamentado no país, cada vez mais instituições oferecem o produto.
Dos grandes bancos, Santader, Bradesco e Itaú já têm linhas de "home equity", enquanto o Banco do Brasil, que entrou em 2008 no ramo imobiliário, pretende lançar a sua até o fim do ano.
A Brazilian Mortgages, especializada em financiamento imobiliário, oferece o "Crédito Fácil" desde 2007. Nele, o cliente pode pegar emprestado até 50% do valor do imóvel, desde que o empréstimo não ultrapasse R$ 500 mil. As taxas são de 1% ao mês mais variação do IGP-M.
O volume de crédito liberado cresceu 576% de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período de 2009.
Segundo Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages, embora a empresa tenha quase dez linhas de financiamento, o "Crédito Fácil" consome metade dos recursos liberados pela companhia.
Bidetti não usa o termo "home equity", pois teme confusão com o "subprime" -empréstimos hipotecários americanos de alto risco.
Segundo ele, nos Estados Unidos houve concessão de crédito irresponsável. Os imóveis estavam muito valorizados, e os proprietários conseguiam refinanciar 100% mesmo sem comprovação de renda suficiente.
Quando os preços dos imóveis dados como garantias recuaram fortemente, as instituições não tiveram como cobrir seus prejuízos.
"Lá, as instituições financiam de acordo com bens. Aqui financiamos com base na condição de pagamento das pessoas", afirma o diretor de empréstimos do Bradesco, Nilton Pelegrino, que também não usa o termo "home equity" em sua linha.
No Bradesco, até 70% do imóvel pode ser refinanciado, no prazo máximo de dez anos. Os juros variam de 1% a 3% ao mês, mais CDI.
O número de operações desse tipo cresceu 91% em 2009 e 60% nos primeiros quatro meses de 2010, para até 2.000 por mês. Desde 2007, R$ 800 milhões foram liberados pelo Bradesco.
"A operação caiu no gosto do cliente", avalia.
De acordo com Frederico Penido, vice-presidente do Banco Bonsucesso, a estabilidade econômica e a queda dos juros viabilizaram a expansão do "home equity" no país, pois possibilitaram que os bancos captassem recursos baratos e estendessem os prazos do financiamentos.
A alienação fiduciária de imóveis, possível desde 1997, também foi fundamental, pois transfere para o credor a propriedade do bem, ao contrário da hipoteca.
O Bonsucesso oferece o crédito há oito meses em Minas Gerais e há um mês em São Paulo e no Rio, com juros entre 2% e 2,5%.
Leonardo Cunha pegou R$ 100 mil no banco dando 50% do imóvel como garantia para investir na sua loja de decoração, em Belo Horizonte.
"Não temo perder o imóvel. Estou muito otimista com um retorno rápido", diz.
Fonte: Folha On Line
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