Em mais uma investida do governo Dilma Rousseff para reduzir os juros cobrados pelos bancos no país, a Caixa Econômica Federal diminuiu em até 21% as taxas nos financiamentos imobiliários. O banco estatal é o primeiro a anunciar o esforço de redução dos valores para o crédito da casa própria.
As novas taxas valerão apenas para novos financiamentos, contratados a partir do dia 4 de maio, data de início do próximo feirão de imóveis promovido pelo banco em 13 cidades.
Os mutuários que adquirem um imóvel de até R$ 500 mil (dos quais a Caixa financia até R$ 450 mil) nas regras do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) terão taxas reduzidas de 10% para 9% ao ano. Aqueles que tiverem conta corrente, cheque especial e cartão de crédito do banco poderão ter acesso a juros de 8,4% ao ano. Clientes que também recebem o salário na Caixa poderão ter juros de até 7,9%.
"Todo cliente, independentemente de relacionamento com o banco, em um financiamento de R$ 200 mil, por exemplo, economizará cerca de R$ 1.800 na prestação no primeiro ano, e um total de mais de R$ 18 mil em um contrato de 20 anos", garantiu a instituição.
No caso de financiamento de imóvel de até R$ 170 mil, nas regras do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a taxa máxima irá cair de 8,4% ao ano para 7,9% para quem possui relacionamento e conta salário no banco. O cliente que também é cotista do fundo poderá pagar juros de 7,4% ao ano, inclusive para financiamento enquadrado no Programa Minha Casa, Minha Vida, na faixa de renda acima de R$ 3.100.
"A economia para um financiamento de R$ 100 mil, por exemplo, dentro das regras do FGTS, será de R$ 450 no primeiro ano e de cerca de R$ 7.000 em 30 anos."
Em todos esses casos é preciso acrescentar a variação da TR (taxa referencial).
Imóveis adquiridos fora do SFH, com valores superiores a R$ 500 mil, terão taxas de financiamento reduzidas de 11% ao ano para 10% ao ano. Clientes com relacionamento terão juros de 9,2%, e aqueles que também tiverem conta salário terão direito a taxas de 9% ao ano.
"Em um financiamento de R$ 600 mil, feito fora do SFH, o cliente economizará em 20 anos, mais de R$ 5.600 no primeiro ano e mais de R$ 54 mil no total", afirmou a Caixa.
VEJA AS NOVAS TAXAS PARA O CRÉDITO IMOBILIÁRIO
Em % ao ano
Em % ao ano
Valor do imóvel | Taxas atuais | Novas taxas |
---|---|---|
Até R$ 500 mil no SFH | de 8,9 a 10 | de 7,4 a 8,4 |
Acima de R$ 500 mil | de 10,5 a 11 | de 9 a 10 |
Fonte: Caixa
EFICIÊNCIA
Segundo o vice-presidente de Habitação e Governo da Caixa, José urbano Duarte, o corte foi possível em função de ganhos de eficiência do banco com informatização de processos e melhorias tecnológicas.
Como não houve mudança no custo do banco para captar o dinheiro no mercado, ja que a principal fonte de recursos para o setor continua sendo a caderneta de poupança, Duarte explica que o corte será compensado com o aumento das concessões de financiamentos.
A Caixa projetava um volume de contratações de R$ 90 bilhões este ano. Com a redução dos juros, a expectativa conservadora, segundo Duarte, passou para R$ 96 bilhões, podendo bater os R$100 bilhões. Se confirmado, significa um aumento em relação aos R$ 80 bilhões contratados em 2011.
De acordo com o executivo, o banco tem fôlego para crescer nesse montante independente das discussões com a União, controladora do banco, sobre a capitalização da instituição. "Isso não será problema. Nosso plano de negócios nos permite operar ate o início de 2013", afirmou.
REDUÇÕES
No início deste mês a Caixa, junto com o Banco do Brasil, deu início a um esforço para diminuir as taxas e forçar a concorrência com as instituições privadas.
Desde a data, todos os grandes bancos já anunciaram planos com taxas menores em algumas linhas de crédito. A Caixa, que já havia reduzido juros no crédito para consumidores e empresas, é o primeiro banco a estender o benefício para os empréstimos voltados para o setor imobiliário, no qual tem mais de 70% de participação.
Na sexta-feira, a Caixa reduziu a taxa de administração dos fundos de investimentos e diminuiu o valor da aplicação inicial. No mesmo dia, informou que faria uma nova rodada de corte dos juros --que já tinha sido feita no início do mês. A justificativa foi a queda na Selic, a taxa básica de juros.
No dia 18, o Banco Central anunciou a redução de 9,75% para 9% da Selic, o menor patamar em dois anos.
O Banco do Brasil também fez dois cortes nas taxas de juros: um no início do mês e outro na semana passada.
HISTÓRICO
O BB foi o primeiro banco a anunciar queda nas taxas de juros, em 4 de abril, com o lançamento do programa BomPraTodos. No dia seguinte (5 de abril) foi a vez da Caixa Econômica Federal.
O HSBC foi o primeiro banco privado a anunciar queda nas taxas, no dia 12. O Santander reduziu os juros para micro e pequenas empresas no dia 17. Na quarta-feira (18), Bradesco e Itaú, os maiores bancos privados do país, também anunciaram medidas semelhantes. No mesmo dia, o Santander também reduziu as cobranças para pessoas físicas.
A Caixa também lançou um programa de renegociação de dívidas. O banco ainda anunciou que irá aumentar o horário de atendimento ao público até 11 de maio para atender a demanda do programa de redução de juros.
ESTÍMULO A ECONOMIA
O movimento de redução das taxas nos bancos públicos atende ao chamado da presidente Dilma Rousseff, que tem o assunto como uma de suas prioridades. A iniciativa é uma forma de acirrar a concorrência com os bancos privados, que também anunciaram cortes após o BB e a Caixa, e estimular a economia para garantir um crescimento próximo a 4% neste ano.
Fonte: Folha
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